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terça-feira, 26 de setembro de 2017

Areias do Tempo





Escorrem rapidamente

Mais do que o meio já passou


Aqui e ali

Pequenos cristais multicolores

Mostram o vivido


Quantos grãos ainda a viver

Mas já passaram...


Algumas dunas

Tornaram-se muralhas intransponíveis...


Perséfone em Tic-Tac, Tic-Tac, Tic-Tac...


quarta-feira, 28 de março de 2012

Reflexos de Nuwanda em Mim



Nuwanda: Escrevivendo

E nessa tua estranheza
mergulho...
Revelando-me
a mim mesma
na inquietação de tua alma...

Perséfone Hades (Bia Unruh) tocada, mais uma vez pelo Poeta...

sábado, 25 de dezembro de 2010

Poetas Brasileiros IX - Carlos Drummond de Andrade





Ausência
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus
                                                                            [braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Carlos Drummond de Andrade, in 'O Corpo'



Bia Unruh muito presente consigo mesma...

sábado, 16 de outubro de 2010

Medo


Paraliza-me esta sensação
Memórias do que não vivi
Tristeza por outros
Receio de abrir este peito
Medo de encarar minhas possibilidades...
A dor de outros entra-me na alma...
Minha sombra repleta das sombras do mundo...
Imagens desdobrando-se
Meus Eus, por aí afrontando realidades...
A mente presa num calabouço...
Até onde este escuro?
Até onde o medo...

Perséfone Hades (Bia Unruh)
Eu títere de mim mesma...

Publicado em: http://www.poesias.omelhordaweb.com.br/pagina_textos_autor.php?cdEscritor=1077


sexta-feira, 25 de junho de 2010

Sonhando com Pessoa

De Meu Jardim


As lentas nuvens fazem sono




As lentas nuvens fazem sono,
O céu azul faz bom dormir.
Bóio, num íntimo abandono,
À tona de me não sentir.
E é suave, como um correr de água,
O sentir que não sou alguém,
Não sou capaz de peso ou mágoa.
Minha alma é aquilo que não tem.
Que bom, à margem do ribeiro
Saber que é ele que vai indo...
E só em sono eu vou primeiro.
E só em sonho eu vou seguindo.
(Poesias Inéditas - Fernando Pessoa)




Perséfone deixando-se  ir...

domingo, 4 de abril de 2010

Fluxo




Flui na corrente afável do dia
pensamento, sonho, fantasia...
Pensamento de tu seres dia,
Sonho de dia ser tua,
Fantasio o fluxo do dia em ti...
Flui na gentil torrente do ser
brilho, alegria, luz...
Brilho alegre da luz... dia
Flui no fluxo amável de ti
força, coragem, tensão...
Força do dia em ti,
Coragem tua de ser luz,
Tensão no curso de ser...
Ser correnteza em tensão em ti...

Perséfone Hades


sábado, 3 de abril de 2010

Nuwanda: Máscara

É fato, meu poeta, as máscaras por vezes tornam-se tão mais a gente que nos perdemos de nós...
Perséfone Hades

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Poetas Brasileiros VIII - Lenine



Osvaldo Lenine Macedo Pimentel nasceu em Recife (02/02/1959), grande poeta e compositor do cancioneiro brasileiro.
Emocione-se com sua poesia.

Paciência (Lenine)

Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não para

Enquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora vou na valsa
A vida é tão rara

Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência
O mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós

Um pouco mais de paciência
Será que é o tempo que lhe falta pra perceber
Será que temos esse tempo pra perder
E quem quer saber
A vida é tão rara (Tão rara)

Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para (a vida não para não)

Será que é tempo que me falta pra perceber
Será que temos esse tempo pra perder
E quem quer saber
A vida é tão rara (tão rara)

Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei,a vida não para (a vida não para não... a vida
não para)



Vivo (Lenine e Rennó)

Precário, provisório, perecível;

Falível, transitório, transitivo;

Efêmero, fugaz e passageiro

Eis aqui um vivo, eis aqui um vivo!

Impuro, imperfeito, impermanente;

Incerto, incompleto, inconstante;

Instável, variável, defectivo

Eis aqui um vivo, eis aqui…

E apesar…
Do tráfico, do tráfego equívoco;
Do tóxico, do trânsito nocivo;
Da droga, do indigesto digestivo;
Do câncer vil, do servo e do servil;
Da mente o mal doente coletivo;
Do sangue o mal do soro positivo;
E apesar dessas e outras…
O vivo afirma firme afirmativo
O que mais vale a pena é estar vivo!

É estar vivo
Vivo
É estar vivo

Não feito, não perfeito, não completo;
Não satisfeito nunca, não contente;
Não acabado, não definitivo
Eis aqui um vivo, eis-me aqui.


Balada do Cachorro Louco (Lenine)

Eu não alimento nada duvidoso
Eu não dou de comer a cachorro raivoso
Eu não morro de raiva
Eu não mordo no nervo dormente

Eu posso até não achar o seu coração
E talvez esquecer o porquê da missão
Que me faz nessa hora aqui presente
E se a minha balada na hora h
Atirar para o alvo cegamente
Ela é pontiaguda
Ela tem direção
Ela fere rente
Ela é surda, ela é muda
A minha bala, ela fere rente

Eu não alimento nenhuma ilusão
Eu não sou como o meu semelhante
Eu não quero entender
Não preciso entender sua mente
Sou somente uma alma em tentação
Em rota de colisão
Deslocada, estranha e aqui presente

E se a minha balada na hora então
Errar o alvo na minha frente
Ela é cega, ela é burra
Ela é explosão
Ela fere rente
Ela vai, ela fica
A minha bala ela fere rente




A Medida da Paixão

É como se a gente
Não soubesse
Prá que lado foi a vida
Por que tanta solidão?
E não é a dor
Que me entristece
É não ter uma saída
Nem medida na paixão...

Foi!
O amor se foi perdido
Foi tão distraído
Que nem me avisou
Foi!
O amor se foi calado
Tão desesperado
Que me machucou...

É como se a gente
Pressentisse
Tudo que o amor não disse
Diz agora essa aflição
E ficou o cheiro pelo ar
Ficou o medo de ficar
Vazio demais meu coração...

Foi!
O amor se foi perdido
Foi tão distraído
Que nem me avisou
Nem me avisou!
Foi!
O amor se foi calado
Tão desesperado
Que me maltratou..




domingo, 14 de março de 2010

Poetas Brasileiros VII - Martinho da Vila




Ele é talvez um dos mais importantes sambistas vivos deste País; levando sempre nossa cultura onde quer que tenha passado.
Martinho da Vila além de compositor de sambas inesquecíveis que falam de amor e da história de nossa gente, é também, para quem não sabe, escritor tendo publicado alguns livros.
Grande poeta cantando em verso e prosa estes Brasis a fora.
Obrigada poeta!



Tribo dos Carajás


Tribo dos carajás
Noite de lua cheia
Aruanã!
Menina moça é que manda na aldeia
A tribo dança e o grande chefe pensa
Em sua gente
Que era dona deste imenso continente
Onde sonhou sempre viver da natureza
Respeitando o céu
Respirando o ar
Pescando nos rios
E com medo do mar

Estranhamente o homem branco chegou
Pra construir, pra progredir, pra desbravar
E o índio cantou
O seu canto de guerra
Não se escravizou
Mas está sumindo da face da Terra

Aruanã! Aruanã açu
É a grande festa
De um povo do alto - Xingu




Tribo Onde o Brasil aprendeu a liberdade


Aprendeu-se a liberdade
Combatendo em Guararapes
Entre flechas e tacapes
Facas, fuzis e canhões
Brasileiros irmanados
Sem senhores, sem senzala
E a Senhora dos Prazeres
Transformando pedra em bala
Bom Nassau já foi embora
Fez-se a revolução
E a festa da Pitomba é a reconstituição
Jangadas ao mar
Pra buscar lagosta
Pra levar pra festa
Em Jaboatão
Vamos preparar
Lindos mamulengos
Pra comemorar a libertação
E lá vem maracatu
Bumba-meu-boi, vaquejada
Cantorias e fandangos
Maculelê, marujada
Cirandeiro, cirandeiro
Tua hora é chegada
Vem cantar essa ciranda
Pois a roda está formada
Ô cirandeiro
refrão:
Cirandeiro, cirandeiro ó
A pedra do teu anel
Brilha mais do que o sol



Heróis da Liberdade

Samba, ó samba
Tem a sua primazia
Em gozar de felicidade
Samba, meu samba
Presta esta homenagem
Aos heróis da liberdade

Passava noite, vinha dia
O sangue do negro corria
Dia a dia
De lamento em lamento
De agonia em agonia
Ele pedia o fim da tirania
Lá em Vila Rica
Junto ao largo da Bica
Local da opressão
A fiel maçonaria, com sabedoria
Deu sua decisão
Com flores e alegria
Veio a abolição
A independência Laureando
O seu brasão
Ao longe soldados e tambores
Alunos e professores
Acompanhados de clarim
Cantavam assim
Já raiou a liberdade
A liberdade já raiou
Essa brisa que a juventude afaga
Essa chama
Que o ódio não apaga pelo universo
É a evolução em sua legítima razão

Samba, ó samba
Tem a sua primazia
Em gozar de felicidade
Samba, meu samba
Presta esta homenagem
Aos heróis da liberdade

Ô, ô, ô, ô
Liberdade senhor!


Perséfone Hades



segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Poetas Brasileiros V - Casimiro de Abreu


Casimiro José Marques de Abreu nasceu em Barra de São João, Nova Friburgo, em 4 de janeiro de 1839, filho de comerciante e fazendeiro português, teve apenas a instrução primária no Brasil. Embarcou para Portugal em 1853 e lá entrou em contato com a intelectualidade da época escrevendo a maior parte de sua obra. Em 1857 voltou ao Brasil, tornou-se amigo de Machado de Assis e escreveu para jornais. Foi membro da Academia Brasileira de Letras e um dos poetas Românticos mais populares, devido a sua forma simples e espontânea de escrever. Morreu em 18 de outubro de 1860 na mesma casa onde nasceu. Teve uma vida muito curta e publicou apenas um livro, As Primaveras, em setembro de 1859.

Obra de Nicolas Antoine Taunay


A Canção do exílio


Eu nasci além dos mares:
Os meus lares,Meus amores ficam lá !
Onde canta nos retiros
Seus suspiros,
Suspiros o sabiá !
Oh ! que céu, que terra aquela,
Rica e bela
Como o céu de claro anil !
Que selva, que luz, que galas,Não exalas,
Não exalas, meu Brasil !
Oh ! que saudades tamanhas
Das montanhas,
Daqueles campos natais !
Daquele céu de safira
Que se mira,
Que se mira nos cristais !
Não amo a terra do exílio,Sou bom filho,
Quero a pátria, o meu país,
Quero a terra das mangueiras
E as palmeiras,
E as palmeiras tão gentis !
Como a ave dos palmares
Pelos ares
Fugindo do caçador;Eu vivo longe do ninho,
Sem carinho,
Sem carinho e sem amor !
Debalde eu olho e procuro...
Tudo escuro
Só vejo em roda de mim !
Falta a luz do lar paterno
Doce e terno,
Doce e terno para mim !Distante do solo amado
- Desterrado -
A vida não é feliz.
Nessa eterna primavera
Quem me dera,
Quem me dera o meu país !
Lisboa - 1855


Tela Independência ou Morte, Pedro Américo (1888), encontra-se no Museu Paulista - São Paulo


Sete de setembro - A D. Pedro II


Foi um dia de glória! - O povo altivo
Trocou sorrindo as vozes de cativo
Pelo cantar das festas!
O leão indomável do deserto
Bramiu soberbo, dos grilhões liberto,
No meio das florestas!
Lá no Ipiranga do Brasil o Marte
Enrolado nas dobras do estandarte
Erguia o augusto porte;
Cercada a fronte dos lauréis da glória
Soltou tremendo o brado da vitória:
- Independência ou morte!
O santo amor dos corações ardentes
Achou eco no peito dos valentes
No campo e na cidade;
E nos salões - do pescador nos lares,
Livres soaram hinos populares
À voz da liberdade!
Anos correram; - no torrão fecundo
Ao sol de fogo deste novo-mundo
A semente brotou;
E franca e leda, a geração nascente
À copa altiva da árvore frondente
Segura se abrigou!
À roda da bandeira sacrossanta
Um povo esperançoso se levanta
Infante e a sorrir!
A nação do letargo se desperta,
E - livre - marcha pela estrada aberta
Às glórias do porvir!
O país, n’alegria todo imerso,
Velava atento à roda só dum berço
Era o vosso, Senhor!
Vós do tronco feliz doce renovo,
Vede agora, Senhor, na voz do povo
Quão grande é seu amor!
Rio - 1858