segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Poetas Brasileiros V - Casimiro de Abreu


Casimiro José Marques de Abreu nasceu em Barra de São João, Nova Friburgo, em 4 de janeiro de 1839, filho de comerciante e fazendeiro português, teve apenas a instrução primária no Brasil. Embarcou para Portugal em 1853 e lá entrou em contato com a intelectualidade da época escrevendo a maior parte de sua obra. Em 1857 voltou ao Brasil, tornou-se amigo de Machado de Assis e escreveu para jornais. Foi membro da Academia Brasileira de Letras e um dos poetas Românticos mais populares, devido a sua forma simples e espontânea de escrever. Morreu em 18 de outubro de 1860 na mesma casa onde nasceu. Teve uma vida muito curta e publicou apenas um livro, As Primaveras, em setembro de 1859.

Obra de Nicolas Antoine Taunay


A Canção do exílio


Eu nasci além dos mares:
Os meus lares,Meus amores ficam lá !
Onde canta nos retiros
Seus suspiros,
Suspiros o sabiá !
Oh ! que céu, que terra aquela,
Rica e bela
Como o céu de claro anil !
Que selva, que luz, que galas,Não exalas,
Não exalas, meu Brasil !
Oh ! que saudades tamanhas
Das montanhas,
Daqueles campos natais !
Daquele céu de safira
Que se mira,
Que se mira nos cristais !
Não amo a terra do exílio,Sou bom filho,
Quero a pátria, o meu país,
Quero a terra das mangueiras
E as palmeiras,
E as palmeiras tão gentis !
Como a ave dos palmares
Pelos ares
Fugindo do caçador;Eu vivo longe do ninho,
Sem carinho,
Sem carinho e sem amor !
Debalde eu olho e procuro...
Tudo escuro
Só vejo em roda de mim !
Falta a luz do lar paterno
Doce e terno,
Doce e terno para mim !Distante do solo amado
- Desterrado -
A vida não é feliz.
Nessa eterna primavera
Quem me dera,
Quem me dera o meu país !
Lisboa - 1855


Tela Independência ou Morte, Pedro Américo (1888), encontra-se no Museu Paulista - São Paulo


Sete de setembro - A D. Pedro II


Foi um dia de glória! - O povo altivo
Trocou sorrindo as vozes de cativo
Pelo cantar das festas!
O leão indomável do deserto
Bramiu soberbo, dos grilhões liberto,
No meio das florestas!
Lá no Ipiranga do Brasil o Marte
Enrolado nas dobras do estandarte
Erguia o augusto porte;
Cercada a fronte dos lauréis da glória
Soltou tremendo o brado da vitória:
- Independência ou morte!
O santo amor dos corações ardentes
Achou eco no peito dos valentes
No campo e na cidade;
E nos salões - do pescador nos lares,
Livres soaram hinos populares
À voz da liberdade!
Anos correram; - no torrão fecundo
Ao sol de fogo deste novo-mundo
A semente brotou;
E franca e leda, a geração nascente
À copa altiva da árvore frondente
Segura se abrigou!
À roda da bandeira sacrossanta
Um povo esperançoso se levanta
Infante e a sorrir!
A nação do letargo se desperta,
E - livre - marcha pela estrada aberta
Às glórias do porvir!
O país, n’alegria todo imerso,
Velava atento à roda só dum berço
Era o vosso, Senhor!
Vós do tronco feliz doce renovo,
Vede agora, Senhor, na voz do povo
Quão grande é seu amor!
Rio - 1858

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Obrigada por sua visita, é muito estimulante que meus textos estejam sendo apreciados pelas pessoas, acho que esta é a realização de todo autor.
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