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quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Reflexões - Saint-Exupery I

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"Se julgas que a própria árvore vive para a árvore que ela é... é sinal de que nem sequer vislumbras o que é alegria. A árvore é fonte de sementes aladas e vai-se transformando e alindando de geração em geração. Ela caminha, não a tua maneira, mas como um incêndio dirigido pelos ventos. Se plantares um cedro no alto de uma montanha, verás a floresta deambular lentamente ao longo dos séculos. Se julgasse o que é, que é que a árvore se julgaria? Julgar-se-ia raízes, tronco e folhagem. Julgaria servir-se a si própria ao plantar suas raízes, ela que não passa de via e passagem. A terra através dela casa-se com o mel do sol, desabrocha em botões, abre-se em flores, compõe sementes, e a semente leva consigo a vida, como um fogo preparado mas invisível ainda". (Cidadela, capítulo CXCII)

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Assim, nós humanos, se em harmonia com o Universo que nos criou, somos como esta árvore, embelezamo-nos a cada geração.

Se cuidamos para que tudo seja melhor para nossos filhos, estamos certamente melhorando a nós mesmos e a tudo a nossa volta,  para a próxima estadia na vida terrena.

Não nos julguemos o que somos nesta vida curta, que por hora passamos, há muito mais de onde viemos, assim o Criador nos deu a chance de crescermos a cada novo dia e a cada nova vida.

Cada nova experiência prepara-nos com este fogo da vida, e vamos em direção à perfeição, forjamos nossa alma imortal na busca constante no aqui-agora, mas não só nele, já que nosso espírito passa por várias vidas, e a cada nova experiência estamos um passo mais próximos de nosso Criador.

Perséfone Hades (Bia Unruh)

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Envelhescente

Igreja de São Francisco de Assis em São João Del-Rei - Minas Gerais

Foto por Paulo Carvalho



Quero ter o direito,


ao menos uma vez,


de ser eu mesma...



Depois de tantas voltas


e reviravoltas,


esta sou eu!



O que sobrou?



Tantos sonhos


tanta busca,


quanto amor!



Sobrou o espírito de luta


A alegria de poder corrigir os erros


A felicidade da experiência vivida



Minha busca interior se mantém


E meu trajeto pedregoso


que ainda contrói meu templo...



Perséfone Hades (Bia Unruh)


Publicado em http://www.usinadaspalavras.com/ler.php?txt_id=84159

sábado, 24 de janeiro de 2009

Reflexão - Humildade

 

..."Lembro-me da doutrina de meu pai: Cai no ridículo a semente que se queixa de que a terra através dela se torna salada em vez de cedro. Se ela é apenas semente de salada...

Que vaidosos são os justos que imaginam não dever nada às apalpadelas, às injustiças, aos erros, às vergonhas que se transcendem! É ridículo o fruto que despreza a árvore!"...

(Cidadela – capítulo CCVIII – Antoine de Saint-Exupéry)

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

São Paulo - 455 anos

Esta alvoroçada cidade não imaginava a sua grandeza e importância há 455 anos atrás.

Pateo do Colégio

A cidade de São Paulo originou-se na fundação do Colégio dos Jesuítas em 25 de janeiro de 1534, pelos padres Anchieta e Manoel da Nóbrega e a partir daí cresceu como um povoado vivendo da agricultura de subsistência, tentando implantar a cultura do açúcar, escravizando os índios, mas sem sucesso; porém, o sonho dourado era a busca de ouro e pedras preciosas, fazendo que na metade do século se iniciassem as Bandeiras.

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SAO PAULO - Jean-Baptiste Debret, 1827

Em 1681, a cidade de São Paulo já era o centro da Capitania, porém somente em 1711 a vila foi elevada à categoria de cidade. Por esta época São Paulo era uma província pobre, pois era apenas o ponto de onde partiam os bandeirantes para desbravar o interior do Brasil, aqui não havia qualquer atividade econômica lucrativa, como em outras capitanias do país, a mão de obra era escassa, já que não se conseguiu escravizar o índio e os homens se embrenhavam no mato em busca de sonhos.

Imigrantes Italianos nos portos de embarque em 1886

Imigrantes Italianos nos portos de embarque em 1886

E assim foi até a virada do século XVIII para XIX, quando a agricultura cafeeira iniciou o progresso e trouxe os imigrantes europeus, que tanto contribuíram para o crescimento desta cidade.

 

Aqui se desenrolaram muitos dramas - das Bandeiras que se dispuseram a desbravar este Brasil, da independência deste país, da abolição da escravatura, do desenvolvimento pela agricutura e industrialismo, das chamas artísticas da semana de 22, da revolução de 1930 em busca de identidade, do crecismento desordenado, das perdas dolorosas pela época da ditadura militar, dos comícios na praça da Sé pelas eleições diretas em 1984.

Diretas Já

Cidade maravilhosa, cheia de problemas e maravilhas a quem estiver disposto a observar, com uma rica história verificada nos prédios preservados de seu centro antigo. 

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Contrastes - Favela do Morumbi

Aqui vamos do contrate mais "medieval" das favelas onde chora, sofre e cresce a população mais desprovida; à beleza "futurística" da Avenida Paulista que é o coração de onde pulsa o desenvolvimento deste país do século XXI.

 

Avenida Paulista

Cidade, hoje, desprovida de belezas naturais quando comparada a outras, mas que exulta de vida e belezas outras, criadas por esta gente trabalhadora de todas as partes do mundo e do próprio país; que aqui ainda acorre  em busca do sonho dourado como os primeiros bandeirantes.

Cidade com os braços sempre abertos a receber quem se dispuser a trabalhar, da mais linda mistura de povos, da solidariedade a qualquer recanto deste País e Mundo onde são necessários seus préstimos.

Arco íris em Sao Paulo - foto Ricardo Beccari

Arco íris em Sao Paulo - foto Ricardo Beccari

Parabéns, São Paulo! Que seus ecos de liberdade, desenvolvimento e fraternidade possam ouvir-se para sempre nas linhas da sua História.

Perséfone Hades (Bia Unruh)

Publicado em  http://www.usinadaspalavras.com/ler.php?txt_id=83887

domingo, 18 de janeiro de 2009

Reflexos Quebrados (Olhos)

Olhos, olhos, são a mais linda concepção do Criador. Neles a alma transparece, e como não cantá-los de todas as formas?

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Seus olhos quando me olham parecem falar de horizontes tão próximos dos meus, mas sua boca quando se abre, só tem palavras secas para meus ouvidos.

As gaivotas sobrevoaram a nossa praia, mostraram como era bom sentir-se livre. O meu coração então gritou e reclamaram os meus olhos a alegria de ver os seus.

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Os seus olhos quando encontram os meus, parecem falar de uma saudade que nunca deixa de existir, a não ser quando nos olhamos assim.

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Você é um conjunto de pequenos olhos castanhos que me desconcertam. Olhos de mar me contam notícias de quem está longe.

Olhos de mar me contam notícias de quem está longe.

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Nunca esqueça de olhar bem para os olhos que te falam, porque a sinceridade destes jamais poderá ser dissimulada.

Todas as vezes que nos olhamos, vemos imagens de crianças travessas brincando de esconder num campo de flores.

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Meus olhos beberam tanto dos seus, que se embriagaram de brilho, luz e amor.

Nossos olhos como duas crianças, brincam de pega-pega pelos jardins dos dias.

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Perséfone Hades (Bia Unruh)

sábado, 17 de janeiro de 2009

Reflexos Quebrados (Desertos)


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O sol brilhou nas pedras do caminho, mas nada de belo pode sair delas, uma vez que eu soubera tropeçar em todas... (1976) Já, hoje estes tropeços me fazem feliz, pois cada pedra vem se tornando um templo onde me encontro...
Estou vagando num deserto, onde o único oásis imaginário que diviso, nos momentos de lucidez, é você.(1975) Hoje o meu deserto pontilhou-se de histórias e de "vocês", trazendo uma beleza única, lúcida, sem oásis imaginários, mas cheio de vida...
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Todos seríamos muito mais felizes se ao invés de olharmos os desertos pedregosos, pontilhados de espinhos de cactos, enxergássemos a vida que nele existe e que consegue resistir ao sofrimento de um sol causticante.
E parece que quanto mais tempo nos passa mais belo fica este deserto, mesmo no sofrimento podemos colher flores... Nasceu minha sobrinha-neta Agatha neste 15 de fevereiro de 2012...

Perséfone Hades (Bia Unruh)
Publicado em http://www.usinadaspalavras.com/ler.php?txt_id=83580

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Para Viver um Grande Amor

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Vinícius de Moraes

Meu poeta favorito, cantou e encantou a mulher como mais ninguém soube fazer.

A minha mais linda paixão de adolescente, quisera  meu querido Vinícius que tivesses cantado seus versos para mim...

Para viver um grande amor

Vinicius de Moraes

Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso – para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... – não nenhum valor.

Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro – seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada – para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o “velho amigo”, que porque é só vos querer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado para chatear o grande amor.

Para viver um grande amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fidelidade – para viver um grande amor. Pois quem trai o seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.

Para viver um grande amor, Il faut ale de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô – para viver um grande amor.

Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito – peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.

É preciso ter em vista um crédito de rosas no florista – muito mais, muito mais que na modista! – para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...

Conta ponto saber fazer coisinhas; ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs – comidinhas para de pois do amor. E o que há de melhor do que ir prá cozinha e preparar com amor uma galinha, com uma rica e gostosa farofinha, para viver um grande amor!

Para viver um grande amor é muito, muito importanteviver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto – prá não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer baixo seu, a amada sente – e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortes sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia – para viver um grande amor.

É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que – que não quer nada com o amor.

Mas tudo isto não adianta nada, se nesta selva obscura e desvairada não se souber achar a bem-amada – para viver um grande amor.

Paixão

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Olhos-no-mar - Sheila Nogueira

Olhos cheios de luz,

na boca palavras desconexas,

noites de insônia...

Tremores de mãos,

incêndio no peito,

noites insones...

Lua que queima

corpo a transpirar

noites de insônia...

Consciência entorpece

desejo cresce

noites insones...

Sozinha no leito

peito arfante

mais

noites...

insônia...

Perséfone Hades (Bia Unruh)

Publicado em http://www.usinadaspalavras.com/ler.php?txt_id=83559

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Até Quando?

Faixa de Gaza

Até quando?
dores morais,
guerras em nome de deus?

Até quando?
cidades cemitérios,
vagam almas meio vivas...

Até quando?
seres loucos cheirando a morte,
"humanos"? apenas em palavra...

Casa na Faixa de Gaza

Até quando?
estilhaços de metal
misturados à carne humana?

Até quando?
órfãos mendigando amor,
crianças armadas de ódio?

Até quando?
gemidos, dor, agonia
o Umbral é aqui...

Umbral

Até quando?
Até quando, homem imperfeito?...
Criado à imagem de Deus?

“Quantas existências, quantos corpos, quantos séculos, quantos serviços, quantos triunfos, quantas mortes necessitamos ainda?” André Luiz

Perséfone Hades
Publicado em
http://www.usinadaspalavras.com/ler.php?txt_id=83101

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Saudade

Tristeza de ficar
quando queremos ir
Ficamos horas a olhar a lua,

sem saber o que ela nos lembra
secamos lágrimas

sem saber porque apareceram
sentimos um perfume na brisa da manhã

que não queremos lembrar
olhamos em volta

e achamos tudo sem graça
sorrimos
quando o que queremos
é chorar
sentimento frágil que voa,

levando-nos longe de nós e perto de alguém
emoção que vê a chuva cair

e lembra toda uma vida
Saudade que pesa e machuca o coração...


Perséfone Hades (Bia Unruh)
Publicado em
http://www.usinadaspalavras.com/ler.php?txt_id=83018

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Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Feliz Ano Novo!!!

Estes são os meus pedidos para o ano que se inicia:
Oxalá! não vejamos um jornalista lúcido ir para a cadeia...
Oxalá! não vejamos o
Presidente Obama a assinar documentos que intervenham na política de outros países...
Oxalá! não vejamos mais
crianças órfãs das guerras e desatinos humanos...
Oxalá! não vejamos mais os irmãos
Palestinos e Israelenses ou qualquer outro povo da face da Terra em ebulição...
Oxalá! não vejamos mais a
violência urbana levar tantos inocentes para os túmulos...
Oxalá! não vejamos tantas cenas de destruição da natureza, pois sua
resposta é sempre terrível...
Oxalá! não vejamos o dinheiro público confeccionar
tornozeleiras eletrônicas para criminosos que nunca pagarão suas dívidas com a sociedade...
Oxalá! não vejamos a
receita da feijoada no Diario Oficial da União...
Oxalá, traga-nos PAZ, HARMONIA, TOLERÂNCIA, AMOR...

E os seus pedidos, quais são??

Comente e postaremos aqui os melhores.

Perséfone

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segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Feliz Natal!

É Natal, os sinos que dobraram nos céus ao nascimento do Nazareno; Filho de Deus; Irmão dos Homens; Jesus, o Cristo, ainda dobram por aqui, embora muitos não possam escutá-lo. E em suas palavras nos diz: "Paz na Terra aos homens de boa vontade", porque o céu, o universo é nossa herança e para alcançá-la só nos é exigido Amor.

Que a LUZ do Criador possa iluminar todo o planeta neste Natal trazendo esta Paz que tanto desejamos, que possamos cada vez mais estar em harmonia com nossos irmãos e a natureza que nos cerca, para assim nos aproximarmos de nosso Criador.

Que o aniversariante, Jesus, não seja esquecido em sua festa e seja convidado de honra em todas as casas, em todos os recantos do planeta.

Que seja na Terra como nos Céus!

Perséfone Hades

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Seus Olhos

Lindo mar de sol nascente
Que fulgura trazendo a tona seu rosto
Verdes mares que balançam
perdendo-me na vastidão de seus horizontes
Alegres ramas que florescem apenas verde


Assim são eles


Um misto de esplendor do sol
e tormenta de tempestades
De maré mansa ou turbulenta que me cobre
De ternas ramas ou emaranhados que me confundem

Assim são eles... seus olhos verdes...


Perséfone Hades (Bia Unruh)
Publicado em

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Quero

Quero levar para bem longe a distância que nos separa
ela só serve para dar saudade


Quero esquecer que já senti amor por você
só me deu tristezas

Quero esquecer que tenho medo de encará-lo
e enfrentar meu próprio sentimento

Quero usa meu orgulho para que não descubras
que um dia cheguei a te amar

Quero perder-me na cidade das multidões
e deixar-me levar pela melancolia

Quero sonhar com crianças, flores
e deixar de ver seus olhos cravados nos devaneios

Quero voltar para o meu interior
e falar com meus fantasmas infantis

Quero ouvir o som dos rios nas tardes
sem me preocupar onde estás

Quero escrever sobre alegria e felicidade
sem pensar em com quem estás...

Quero... quero... quero...
Mas como eu te amo!!!

Perséfone Hades (Bia Unruh)
Publicado em
http://www.usinadaspalavras.com/ler.php?txt_id=81930

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Por que nos Calamos Tanto?

Calamo-nos, cegamo-nos e ensurdecemo-nos:

por Covardia, se a sociedade não concorda conosco, somos cortados...

por Arrogância, quando não nos diz respeito, não nos interessa...

por Comodidade, quando temos opinião começamos a ser cobrados...

por Remorso, ou seja, por incapacidade de manter nossas afirmações...

por Indecisão porque necessitamos de aprovação para sentirmo-nos incluídos...

por Desinteresse, pois na maioria do tempo estamos centrados em nós mesmos...

por Medo de sermos medidos, porém estamos sempre a medir os outros...

por Ignorância, tantos há que não vivem porque nada observam ao redor...

Retiremos as moradaças, as viseiras e os tampões por amor próprio e ao próximo!

Escrito por Perséfone Hades
Publicado em

http://www.usinadaspalavras.com/ler.php?txt_id=81708
Em Resposta ao post Perguntas Cafeanas no blog: http://cafemargoso.blogspot.com/

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Trincheira


Chão pesado, pesado chão entre trincheiras
do vermelho por entre verdes
a agonia deste odor

Chão pesado, pesado chão entre trincheiras
de um coração que pulsa
rodeado de estilhaços de aço

Chão pesado, pesado chão entre trincheiras
sem aviso voa mais uma granada
macula o verde que resta

Chão pesado, pesado chão entre trincheiras
no mais refinado perfume
sinto o cheiro do homem...

Escrito por Perséfone Hades (Bia Unruh)
Publicado em http://www.usinadaspalavras.com/ler.php?txt_id=81215

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Pessoa, Sempre Pessoa...

Reflitamos um pouco em nossas vidas, tão cheias de máscaras...
Quem já teve a coragem de Fernando Pessoa em se mostrar como realmente é, e "colocar o dedo na própria ferida" de forma tão crua?

Poema em Linha Reta
Álvaro de Campos

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo.
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó principes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Reflexão



O mundo nos dá


aquilo que lhe damos,


como nosso reflexo num espelho...




Escrito por Persefone Hades (Bia Unruh)


Publicado em


terça-feira, 11 de novembro de 2008

No Meio do Caminho

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.

Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.


Carlos Drummond de Andrade

...E no final do caminho
meu templo de pedras


onde bebo o vinho


saciando minha sede


na missão concluída... (Persefone)