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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Limpador Astral

Introdução

Este é um vídeo que, quando ativado, limpará o ambiente e o astral da sua casa, escritório, local de trabalho ou estudos, e transmutará as energias das pessoas que estiverem nesses ambientes.

Este vídeo foi elaborado por uma equipe de clarividentes e sensitivos que receberam o símbolo capaz de projetar pirâmides cristalinas quando atravessado pela luz. O vídeo gera uma holografia invisível ao olho físico. Esta holografia é uma rede de pirâmides criada pelos símbolos, que giram em sentidos contrários e que aproveitam os princípios da cromoterapia, alternando cores diferentes que vibram nas freqüências básicas do ser humano.

Limpe a sua aura

Coloque-se na frente deste vídeo para limpar a sua aura. Você pode adotar uma postura meditativa, serenar seus sentidos durante uns cinco minutos. O efeito, segundo os clarividentes, é de sutilizar a aura e desvanecer as manchas produzidas por acúmulos de pensamentos, sentimentos e situações do cotidiano.

Para uma limpeza integral, coloque-se a dois metros, de pé, com as palmas das mãos viradas para o vídeo, em postura interna meditativa, e logo verá que você sentirá uma leveza. É suficiente colocar-se diante do vídeo de três a cinco minutos apenas. Uma maior exposição não contribuirá para melhorar os efeitos.

Recupere a sua saúde

Este vídeo pode ser usado como complemento para restabelecer a saúde em qualquer tipo de processo sanatório. Ele não substitui nenhum tratamento médico, mas pode auxiliar a acelerar os efeitos dos tratamentos prescritos.

Se você sentir algum tipo de dor no corpo ou na cabeça, ou uma sensação de tontura quando estiver olhando para este vídeo, é possível que o seu campo eletromagnético esteja vinculado a alguma teia eletromagnética de baixa densidade. Nesse caso, você deve dosar a exposição a períodos breves e procurar se expor durante períodos mais longos a cada vez até completar no mínimo 7 minutos, que é o tempo necessário para uma limpeza mais profunda.

Você pode treinar o seu cérebro a agir em forma mais coordenada. Basta você olhar para o vídeo com visão panorâmica, não se concentrando num raio específico, mas abrindo sua visão para observar o conjunto. Cada um dos seus olhos está sob o comando de um hemisfério cerebral e visualmente você pode estimular o seu cérebro a trabalhar em conjunto e harmonia. Algumas pessoas ficam levemente tontas de olhar, especialmente elas devem utilizar o vídeo por períodos curtos, como treinamento, até que essa sensação vá diminuindo paulatinamente. Lembre que a dor ou a tontura é um sinal do corpo para parar com o processo.

O efeito nas cidades

Se você sente que a sua cidade está precisando de uma limpeza astral que facilite a criação de um clima de bem-estar e paz nos relacionamentos entre os habitantes, agora é a sua oportunidade de participar desta onda de limpeza.

Os centros povoados e as cidades, especialmente as mais antigas, as que têm uma carga histórica muito forte, têm impregnados vários eventos que aconteceram no passado e que tendem a repetir-se. Este vídeo projeta uma rede cristalina de pirâmides que, ao passar pela velocidade da luz em quinta dimensão, liberam estas memórias antigas e as transmuta, reordenando o espaço de quinta dimensão nas cidades conforme o novo programa evolutivo superior de altas freqüências.

O nosso planeta está sendo ativado em uma geometria superior. Isso quer dizer que a própria aura do planeta está modificando suas linhas de força. O corpo de luz do planeta tem relações triangulares que precisam ser ativadas pela humanidade consciente que deseja o estabelecimento de uma era de paz e abundância.

Para realizar um serviço para as pessoas de sua cidade, deixe o vídeo funcionando em direção ao céu. Quando começar a funcionar, faça uma pequena invocação ou pedido para que as hierarquias angélicas desçam sobre a sua cidade e façam uma limpeza geral, colaborando com as almas desencarnadas que ainda não encontraram seu caminho em direção á luz, e os muitos casos e situações que precisam de uma limpeza que gere uma harmonização nos relacionamentos dentro dos lugares, nos ambientes de trabalho, estudos e lazer.

A teia piramidal gerada cumulativamente por este vídeo cria uma trilha para que as hierarquias angélicas desçam e façam seu trabalho de serviço, abrindo um canal com as dimensões superiores, permitindo que cheguem energias elevadas para o planeta trazendo sua vibração benéfica.

Este vídeo é um instrumento que projeta a nova rede cristalina em sintonia com a rede de freqüências de dimensões superiores, estabelecendo uma ponte, um enlace, permitindo que as dimensões superiores se fusionem com as inferiores, ou seja, que as freqüências das dimensões se sincronizem. Isso significa o descenso do céu na terra.

Uma onda de limpeza

Compartilhe esta informação com os seus amigos e seja partícipe de uma onda de limpeza silenciosa, mas efetiva. Cada vez que este vídeo é ativado em algum ponto do planeta cria-se uma onda que viaja na velocidade da luz e se projeta no espaço exterior, abrindo e limpando os canais para a comunicação telepática. É como projetar trilhas piramidais no espaço mental.

Quando o vídeo funciona virado para o céu, gera-se um vórtice capaz de atravessar a camada astral que envolve as cidades e constituir um pilar de luz. O efeito neste caso é cumulativo e, se precedido de uma invocação aos anjos e mestres de luz, pode servir para interceder por outros e levar essa onda de limpeza até eles. O karma individual pode e é superado e transmutado pelo amor do coletivo e omniabarcante do senso da unidade de vida.

Se este vídeo chegou até você, é para lembrá-lo que a realidade é construída por nós e que somos nós que agora estamos estabelecendo a paz, lembrá-lo do motivo da sua própria encarnação, pois toda uma geração de servidores se ofereceu para encarnar neste planeta e trazer a paz. Esta é uma das ferramentas que nossa geração possui para hoje realizar a grande transmutação que tanto precisa este belo planeta.

Compartilhar

Você pode fazer o download deste vídeo e incluí-lo na sua própria página web. Para que seja mas fácil sua difusão e distribuição, lembre que está é uma ferramenta ascensional que visa colaborar para estabelecer a paz no mundo através da cura dos relacionamentos entre as pessoas. Se você conhece alguém que esteja morando em zonas onde a paz ainda não foi estabelecida, envie esta informação urgentemente, e peça que seja feito um chamado pela paz enquanto o vídeo esteja funcionando em direção ao céu.

Faça a sua própria rede de orações pela paz, convidando suas amizades através da Internet a baixar o vídeo e utilizá-lo, distribuindo-o para todos, como uma das várias técnicas de luz contidas na página web indicada no próprio vídeo.

Faça o download agora e participe de uma onda de limpeza e transmutação. Este vídeo foi inspirado pelas hierarquias cósmicas para contribuir para o processo de limpeza tão necessário e oportuno no planeta nessa etapa de preparação para a ascensão a um nível evolutivo superior onde primem a paz e a abundância. O vídeo tem um formato muito simples e engenhoso, uma ferramenta para colaborar com esse processo de transição.




http://www.anjodeluz.com.br/limpador_astral.htm

domingo, 17 de janeiro de 2010

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Poetas Brasileiros VI - Oswald de Andrade



Erro de português
Quando o português chegou

Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português.

MANIFESTO DA POESIA PAU – BRASIL

A poesia existe nos fatos. Os casebres de açafrão e de ocre nos verdes da Favela, sob o azul cabralino, são fatos estéticos.

O Carnaval no Rio é o acontecimento religioso da raça. Pau-Brasil. Wagner submerge ante os cordões de Botafogo. Bárbaro e nosso. A formação étnica rica. Riqueza vegetal. O minério. A cozinha. O vatapá, o ouro e a dança.
Toda a história bandeirante e a história comercial do Brasil. O lado doutor, o lado citações, o lado autores conhecidos.
Comovente. Rui Barbosa: uma cartola na Senegâmbia. Tudo revertendo em riqueza. A riqueza dos bailes e das frases
feitas. Negras de jockey. Odaliscas no Catumbi. Falar difícil.
O lado doutor. Fatalidade do primeiro branco aportado e dominando politicamente as selvas selvagens. O bacharel. Não podemos deixar de ser doutos. Doutores. País de dores anônimas, de doutores anônimos. O Império foi assim. Eruditamos tudo. Esquecemos o gavião de penacho.
A nunca exportação de poesia. A poesia anda oculta nos cipós maliciosos da sabedoria. Nas lianas da saudade universitária.
Mas houve um estouro nos aprendimentos. Os homens que sabiam tudo se deformaram como borrachas sopradas. Rebentaram.
A volta à especialização. Filósofos fazendo filosofia, críticos, crítica, donas de casa tratando de cozinha.
A Poesia para os poetas. Alegria dos que não sabem e descobrem.
Tinha havido a inversão de tudo, a invasão de tudo: o teatro de base e a luta no palco entre morais e imorais. A tese deve ser decidida em guerra de sociólogos, de homens de lei, gordos e dourados como Corpus Juris.
Ágil o teatro, filho do saltimbanco. Ágil e ilógico. Ágil o romance, nascido da invenção. Ágil a poesia.
A poesia Pau-Brasil, ágil e cândida. Como uma criança.
Uma sugestão de Blaise Cendrars: - Tendes as locomotivas cheias, ides partir. Um negro gira a manivela do desvio rotativo em que estais. O menor descuido vos fará partir na direção oposta ao vosso destino.
Contra o gabinetismo, a prática culta da vida. Engenheiros em vez de jurisconsultos, perdidos como chineses na genealogia das idéias.
A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos.
Não há luta na terra de vocações acadêmicas. Há só fardas. Os futuristas e os outros.
Uma única luta - a luta pelo caminho. Dividamos: poesia de importação. E a Poesia Pau-Brasil, de exportação.
Houve um fenômeno de democratização estética nas cinco partes sábias do mundo. Instituíra-se o naturalismo.
Copiar. Quadro de carneiros que não fosse lã mesmo, não prestava. A interpretação no dicionário oral das Escolas de Belas Artes queria dizer reproduzir igualzinho...Veio a pirogravura. As meninas de todos os lares ficaram artistas.
Apareceu a máquina fotográfica. E com todas as prerrogativas do cabelo grande, da caspa e da misteriosa genialidade de olho virado - o artista fotográfico.
Na música, o piano invadiu as saletas nuas, de folhinha na parede. Todas as meninas ficaram pianistas. Surgiu
o piano de manivela, o piano de patas. A pleyela. E a ironia eslava compôs para a pleyela. Straviski.
A estatuária andou atrás. As procissões saíram novinhas das fábricas.
Só não se inventou uma máquina de fazer versos - a havia o poeta parnasiano.
Ora, a revolução indicou apenas que a arte voltava para as elites. E as elites começaram desmanchando. Duas fases: 1a) a deformação através do impressionismo, a fragmentação, o caos voluntário. De Cézanne e Malarrmé, Rodin e Debussy até agora. 2a) o lirismo, a apresentação no templo, os materiais, a inocência construtiva.
O Brasil profiteur. O Brasil doutor. E a coincidência da primeira construção brasileira no movimento de reconstrução geral. Poesia Pau-Brasil.
Como a época é miraculosa, as leis nasceram do próprio rotamento dinâmico dos fatores destrutivos.
A síntese
O equilíbrio
O acabamento de carrosserie
A invenção
A surpresa
Uma nova perspectiva
Uma nova escala
Qualquer esforço natural nesse sentido será bom. Poesia Pau-Brasil.
O trabalho contra o detalhe naturalista - pela síntese; contra a morbidez romântica - pelo equilíbrio geômetra e pelo acabamento técnico; contra a cópia, pela invenção e pela surpresa.
Uma nova perspectiva.
A nova, a de Paolo Ucello criou o naturalismo de apogeu. Era uma ilusão de ótica. Os objetos distantes não diminuíam. Era uma lei de aparência. Ora, o momento é de reação à aparência. Reação à cópia. Substituir a perspectiva visual e naturalista por uma perspectiva de outra ordem: sentimental, intelectual, irônica, ingênua.
Uma nova escala:
A outra, a de um mundo proporcionado e catalogado com letras nos livros, crianças nos colos. O reclame produzindo letras maiores que torres. E as novas formas da indústria, da viação, da aviação. Postes. Gasômetros Rails.
Laboratórios e oficinas técnicas. Vozes e tics de fios e ondas e fulgurações. Estrelas familiarizadas com negativos fotográficos. O correspondente da surpresa física em arte.
A reação contra o assunto invasor, diverso da finalidade. A peça de tese era um arranjo monstruoso. O romance de idéias, uma mistura. O quadro histórico, uma aberração. A escultura eloqüente, um pavor sem sentido.
Nossa época anuncia a volta ao sentido puro.
Um quadro são linhas e cores. A estatuária são volumes sob a luz.
A Poesia Pau-Brasil é uma sala de jantar das gaiolas, um sujeito magro compondo uma valsa para flauta e a Maricota lendo o jornal. No jornal anda todo o presente.
Nenhuma fórmula para a contemporânea expressão do mundo. Ver com olhos livres.
Temos a base dupla e presente - a floresta e a escola. A raça crédula e dualista e a geometria, a álgebra e a química logo depois da mamadeira e do chá de erva-doce. Um misto de "dorme nenê que o bicho vem pegá" e de equações.
Uma visão que bata nos cilindros dos moinhos, nas turbinas elétricas, nas usinas produtoras, nas questões cambiais, sem perder de vista o Museu Nacional. Pau-Brasil.
Obuses de elevadores, cubos de arranha-céus e a sábia preguiça solar. A reza. O Carnaval. A energia íntima. O sabiá. A hospitalidade um pouco sensual, amorosa. A saudade dos pajés e os campos de aviação militar. Pau-Brasil.
O trabalho da geração futurista foi ciclópico. Acertar o relógio império da literatura nacional.
Realizada essa etapa, o problema é outro. Ser regional e puro em sua época.
O estado de inocência substituindo o estado de graça que pode ser uma atitude do espírito.
O contrapeso da originalidade nativa para inutilizar a adesão acadêmica.
A reação contra todas as indigestões de sabedoria. O melhor de nossa tradição lírica. O melhor de nossa demonstração moderna.
Apenas brasileiros de nossa época. O necessário de química, de mecânica, de economia e de balística. Tudo digerido. Sem meeting cultural. Práticos. Experimentais. Poetas. Sem reminiscências livrescas. Sem comparações de apoio. Sem pesquisa etimológica. Sem ontologia.
Bárbaros, crédulos, pitorescos e meigos. Leitores de jornais. Pau-Brasil. A floresta e a escola. O Museu Nacional. A cozinha, o minério e a dança. A vegetação. Pau-Brasil.
Oswald de Andrade
(Correio da Manhã, 18 de março de 1924.)


Nossa história também tem estes mitos, tão reais, e sempre tão atuais...


terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Diversidade


"Unificar é ligar melhor as diversidades particulares, e não apagá-las em prol de uma ordem vã"
(Cidadela - Saint-Exupéry)






segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Poetas Brasileiros V - Casimiro de Abreu


Casimiro José Marques de Abreu nasceu em Barra de São João, Nova Friburgo, em 4 de janeiro de 1839, filho de comerciante e fazendeiro português, teve apenas a instrução primária no Brasil. Embarcou para Portugal em 1853 e lá entrou em contato com a intelectualidade da época escrevendo a maior parte de sua obra. Em 1857 voltou ao Brasil, tornou-se amigo de Machado de Assis e escreveu para jornais. Foi membro da Academia Brasileira de Letras e um dos poetas Românticos mais populares, devido a sua forma simples e espontânea de escrever. Morreu em 18 de outubro de 1860 na mesma casa onde nasceu. Teve uma vida muito curta e publicou apenas um livro, As Primaveras, em setembro de 1859.

Obra de Nicolas Antoine Taunay


A Canção do exílio


Eu nasci além dos mares:
Os meus lares,Meus amores ficam lá !
Onde canta nos retiros
Seus suspiros,
Suspiros o sabiá !
Oh ! que céu, que terra aquela,
Rica e bela
Como o céu de claro anil !
Que selva, que luz, que galas,Não exalas,
Não exalas, meu Brasil !
Oh ! que saudades tamanhas
Das montanhas,
Daqueles campos natais !
Daquele céu de safira
Que se mira,
Que se mira nos cristais !
Não amo a terra do exílio,Sou bom filho,
Quero a pátria, o meu país,
Quero a terra das mangueiras
E as palmeiras,
E as palmeiras tão gentis !
Como a ave dos palmares
Pelos ares
Fugindo do caçador;Eu vivo longe do ninho,
Sem carinho,
Sem carinho e sem amor !
Debalde eu olho e procuro...
Tudo escuro
Só vejo em roda de mim !
Falta a luz do lar paterno
Doce e terno,
Doce e terno para mim !Distante do solo amado
- Desterrado -
A vida não é feliz.
Nessa eterna primavera
Quem me dera,
Quem me dera o meu país !
Lisboa - 1855


Tela Independência ou Morte, Pedro Américo (1888), encontra-se no Museu Paulista - São Paulo


Sete de setembro - A D. Pedro II


Foi um dia de glória! - O povo altivo
Trocou sorrindo as vozes de cativo
Pelo cantar das festas!
O leão indomável do deserto
Bramiu soberbo, dos grilhões liberto,
No meio das florestas!
Lá no Ipiranga do Brasil o Marte
Enrolado nas dobras do estandarte
Erguia o augusto porte;
Cercada a fronte dos lauréis da glória
Soltou tremendo o brado da vitória:
- Independência ou morte!
O santo amor dos corações ardentes
Achou eco no peito dos valentes
No campo e na cidade;
E nos salões - do pescador nos lares,
Livres soaram hinos populares
À voz da liberdade!
Anos correram; - no torrão fecundo
Ao sol de fogo deste novo-mundo
A semente brotou;
E franca e leda, a geração nascente
À copa altiva da árvore frondente
Segura se abrigou!
À roda da bandeira sacrossanta
Um povo esperançoso se levanta
Infante e a sorrir!
A nação do letargo se desperta,
E - livre - marcha pela estrada aberta
Às glórias do porvir!
O país, n’alegria todo imerso,
Velava atento à roda só dum berço
Era o vosso, Senhor!
Vós do tronco feliz doce renovo,
Vede agora, Senhor, na voz do povo
Quão grande é seu amor!
Rio - 1858

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Feliz Natal




Então é natal

E o que você tem feito?

Um outro ano se foi

E um novo apenas começa

E então é natal

Espero que tenhas alegria

O próximo e querido

O velho e o Jovem

Um alegre Natal

E um feliz ano novo

Vamos esperar que seja um bom ano

Sem sofrimento

E então é natal (e a guerra terminou...)

Para o fraco e para o forte (...se você quiser)

Para o rico e para o pobre

O mundo é tão errado

E, então, feliz natal

Para o negro e para o branco

Para o amarelo e para o vermelho

Vamos parar com todas as lutas

Um alegre Natal

E um feliz ano novo

Vamos esperar que seja um bom ano

Sem sofrimento

E então é Natal

o que nós fizemos?

Um outro ano se foi

E um novo apenas começa...

E então Feliz Natal

Esperamos que tenhas alegria

O próximo e querido

E velho e o jovem

Um alegre Natal

E um feliz ano novo

Vamos esperar que seja um bom ano

Sem sofrimento

A guerra acabou , se você quiser

Tradução de Happy Xmas - War is Over)


"An eye and an eye

will make us all blind" (Gandhi)




Perséfone Hades desejando um Feliz Natal a todos seus leitores, e muita LUZ no coração de todos, para que cada vez vejamos menos cenas como estas e possamos cantar mais PAZ!



sábado, 19 de dezembro de 2009

Refletindo...




“O  centro não é um lugar,
mas um estado de existência…”
(Marion Z. Bradley – Os Ancestrais de Avalon)





sexta-feira, 24 de julho de 2009

29 anos sem Vinícius de Moraes

Marcus Vinicius da Cruz de Mello Moraes, ou Vinicius de Moraes, 1913(Gávea-Rio de Janeiro) – 1980(Rio de Janeiro) foi um diplomata, jornalista, poeta e compositor brasileiro.

Teve como principais parceiros em composições Carlos Lyra, Tom Jobim Baden Powell e Toquinho.

Figura ímpar ficou conhecido como o Poetinha, por sua produção essencialmente lírica. Grande conquistador era freqüentador dos bares boêmios do Rio de Janeiro das décadas de 50, 60 e 70.

Cantou as belezas de sua terra, as mulheres como nenhum outro poeta o fez, as alegrias e dores de amores, sempre com conhecimento profundo dos sentimentos humanos.

Vinícius, onde estiver saiba que nós o amamos sempre e esperamos estar contigo aí onde estiveres para mais uma vez nos apaixonarmos a cada verso seu...

Poética


De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.
A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.
Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem
Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.

Perséfone Hades com saudades!!!!!

quarta-feira, 27 de maio de 2009

O Sermão da Montanha - Parte 9

espirtual1

Vós Sois a Luz do Mundo”

Sabemos, em nossos dias, que a luz cósmica, não focalizada — o “c” da conhecida fórmula einsteiniana, E = mc2 — é a base e, por assim dizer, a matéria-prima de todas as coisas do mundo material e astral. Os elementos da química, desde o mais simples até ao mais complexo, são filhos da luz invisível, a qual quando condensada em diversos graus, produz os elementos, e destes são feitas todas as coisas do mundo.

“Quer dizer que, no plano físico, a luz é a causa e origem de todas as matérias e forças do universo.

“Ora, o que a luz é no plano físico, isto é Deus na ordem metafísica ou espiritual do cosmos. A luz física é o grande símbolo desse simbolizado metafísico.

“A luz é a única coisa incapaz de ser contaminada, porque a sua vibração é máxima, que não é afetada por nenhuma vibração inferior.

“Todas as coisas do mundo são lucigênitas, e sua íntima essência é luz ou lucidez. E tanto mais incontaminável é uma coisa quanto mais lúcida.

“Toda a tarefa da espiritualização do homem consiste em que ele faça a sua existência humana tão pura e luminosa como a sua essência divina — que essencialize toda a sua existência.

“A lucidez ou luminosidade consiste na intensi­dade da nossa consciência divina. No plano da ideologia dualista, em que se move quase toda a teologia e filosofia do ocidente cristão, é difícil o homem convencer-se definitivamente de que a íntima essência do seu próprio ser seja idêntica à essência divina.”

Diz, pois, o divino Mestre:

“Vós sois a luz do mundo... Não pode permanecer oculta uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende uma lampada e se põe debaixo do alqueire, mas sim sobre o candelabro para que alumie a todos os que estão na casa. Assim brilhe a vossa luz perante os homens para que vejam as vossas boas obras —e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus”.

“O homem realmente cristificado não deve ocultar-se debaixo do alqueire do anonimato, mas brilhar no candelabro da mais larga publicidade —deve ser até como uma cidade ou um farol no alto de um monte, para que o mundo inteiro veja os fulgores dessa luz e por ela oriente a sua vida.

“É opinião assaz comum entre os inexperientes que o homem espiritual deva evitar a publicidade e procurar o mais possível a obscuridade da solidão e do anonimato, a fim de não perder a sua sacralidade e cair vítima da profanidade. E, de fato, essa solidão e esse anonimato são necessários, embora num sen­tido diferente daquele que os profanos supõem.

O ego físico-mental do homem comum deve desaparecer no anonimato, e o seu Eu divino deve viver em profunda solidão. O homem espiritual deve ser profundamente solitário com Deus, para que possa ser vastamente solidário com todas as creaturas de Deus: assim não há perigo de profanação.

Ai daquele que perder a sua silenciosa sacrali­dade em Deus! De nada lhe servirá a sua ruidosa sociabilidade com os homens e o mundo. A profana sociedade tem de ser fecundada pela mística sacrali­dade para que resulte em fecunda solidariedade.

“Em suas relações com Deus é todo homem profundamente só e solitário; ninguém o pode acom­panhar a essas alturas e profundezas, envoltas em eterno silêncio. Ninguém poderá saber jamais o que se passou entre a alma e Deus, nas silenciosas alturas do Himalaia ou na taciturna vastidão do Saara onde se dá esse encontro entre Deus e a alma humana. A experiência mística se dá para além das barreiras do tempo e do espaço, no anonimato do “terceiro céu”, e por isso é essencialmente intransferível e incomunicável; o que é dito à alma, nessa luminosa escuridão, são “ditos indizíveis”.

“Essa solidão vertical é necessária e não pode jamais ser substituida pela sociedade horizontal. Esse santuário íntimo do homem é indevassável; nem as relações mais íntimas, de pai a filho, de mãe e filha, de esposo a esposa, de amigo a amigo, podem desvendar esse mistério. Onde não existe e persiste essa solidão cósmica, esse profundo silêncio metafísico , esse indevassável anonimato místico entre a alma e Deus, toda a publicidade é um perigo e uma profanação, é uma apostasia e uma infidelidade cometida contra a sacralidade do Eu divino. O homem que não possua suficiente fidelidade a seu Eu divino não deve arriscar-se à publicidade; não deve colocar-se no alto do candelabro ou no cume do monte; é preferível que fique debaixo do alqueire ou no fundo do vale, onde não há perigo de quedas catastróficas. Quanto mais alto o homem está, mais profundamente poderá cair , se essa altura lhe der vertigens.

“O perigo da vertigem vem da ilusão de que essa sublime posição seja obra do seu ego personal, vem do erro fatal de que a pessoa humana tenha creado essa glória no alto do candelabro ou no cume do monte.

“Duas vezes, diz um grande iniciado oriental, Brahman se sorri do homem, da primeira vez quando o homem afirma: “Eu faço isto, eu faço aquilo”, e da segunda vez quando o homem diz: “Eu vou morrer”.

“Ambas às vezes o homem confunde o seu verdadeiro Eu com o seu pseudo-eu. Quando o homem pensa que é ele — seu ego personal — que fez isto ou aquilo, e não o “pai dos céus” — o seu Eu divino; quando o homem pensa que o seu eterno e imortal Eu divino vai morrer — então se revela totalmente analfabeto no conhecimento de si mesmo.

“Onde há ilusão há possibilidade de queda. Só quando a totalidade da ilusão cedeu à totalidade da verdade é que há segurança absoluta.

“Tem-se dito que a experiência mística torna o homem orgulhoso e desprezador de seus semelhantes, os “profanos” lá embaixo. Quem assim pensa e fala não sabe o que quer dizer experiência mística. Esse orgulho é possível no caso da pseudomística, quando o homem atribui a sua espiritualidade ao mérito de seu ego personal, ignorando que “todo o dom perfeito vem de cima, do Pai das luzes”, e que a iluminação espiritual é obra da graça divina. Mas, ninguém pode orgulhar-se daquilo que é de Deus, só se pode envaidecer de algo que seja do seu ego.

“Um jovem ocultista britânico perguntou a um grande místico da Índia se achava que ele, o ocultista, poderia, um dia, chegar a fazer as “obras de poder”, chamadas “milagres”, que Jesus fazia; ao que o iniciado lhe respondeu calmamente: “Pode, sim, contanto que você não creia que é você que fez essas obras.”

“Quem atribui a seu pequeno ego humano qualquer obra espiritual está no erro; o erro gera o orgulho, e o orgulho prepara a queda. Mas quem compreendeu definitivamente que nenhum efeito espiritual pode provir de uma causa material ou mental, esse está na verdade, e a verdade o libertará de qualquer ilusão e perigo de queda.

“Quando Jesus diz a seus discípulos que devem colocar a sua luz no candelabro ou no alto do monte supõe ele que esses homens possam ultrapassar o estágio da Ilusão sobre si mesmos e adquirir plena clareza e certeza sobre a causa real de todos os efeitos espirituais.

“Não existe, no mundo físico, nenhum elemento incontaminável exceto a luz. Todas as outras coisas aceitam impureza.

“É esta, sem dúvida a mais pura glória do homem crístíco, poder ser puro no meio dos impuros e das impurezas em derredor; purificar as impurezas sem se contaminar com essas impurezas É o máximo de invulnerabilidade.

“Nenhum homem purificado pelo conhecimento da verdade sobre si mesmo se sente ofendido por atos, palavras ou opiniões injustas dos outros, porque sabe que essas ofensas não atingem o seu verdadeiro Eu divino, senão apenas o seu falso eu humano.

“Esta luz divina que em mim está deve ser colo­cada no candelabro como uma lâmpada, no alto do monte como um farol. Quem é remido do seu falso eu pode ajudar outros para se redimirem também. Por isso, deve ele fazer brilhar a sua luz, porque essa luz é a luz de Deus que brilha através do homem, como através de um límpido cristal, no caso que o homem renuncie à opacidade do seu egoísmo e aceite a transparência do amor.”

Huberto Rohden

Para aqueles que queiram ler os textos integrais recomendamos o link: http://www.esnips.com/doc/6fda8dc4-a4e1-48a3-87ae-8085b9eb532a/Huberto%20Rohden%20%3E%20O%20Serm%E3o%20da%20Montanha%20-%20Huberto%20Rohden

Perséfone Hades

E que Haja LUZ!!!!

 

segunda-feira, 25 de maio de 2009

O Sermão da Montanha - Parte 8

“Bem-Aventurados os que Sofrem Perseguição por Causa da Justiça”

“Justiça” significa a atitude justa e reta do homem para com Deus. O homem “justo”, nos livros sacros, é o homem santo, o homem crístico, o homem que realizou em alto grau o seu Eu divino pela experiência mística manifestada na ética. O homem “justo” é o homem que se guia, invariavelmente, pelos dois grandes mandamentos, o amor de Deus e a caridade do próximo.

“Mas, será possível que alguém sofra perseguição por causa dessa justiça, por causa da sua santidade?

“O Evangelho de Jesus está repleto de afirmações dessa natureza, e a experiência multissecular o con­firma. “Por causa do meu nome sereis odiados de todos, e chegará a hora em que todo aquele que vos matar julgará prestar um serviço a Deus. “Arrastar-­vos-ão perante reis e governadores e sinagogas; mas não vos perturbeis! Porque o servo não está acima de seu senhor; se a mim perseguiram também vos hão de perseguir a vós. “Os inimigos do homem são os seus companheiros de casa.”

“Estamos habituados a pensar e a dizer que esses perseguidores dos justos são homens maus, perversos, de má-fé; e, de fato, assim acontece muitas vezes. Entretanto, as mais cruéis perseguições que a história humana conhece foram perpetradas por homens sinceros e subjetivamente bons, em nome da verdade e do bem, em nome de Deus e do Cristo. Sobretudo as igrejas e sociedades religiosas organi­zadas têm empreendido, e empreendem ainda, cruzadas e “guerras santas”, trucidando infiéis, queimando hereges, torturando homens de elevada espirituali­dade, excomungando como apóstatas e perversos muitos dos homens mais puros e santos que o mundo conhece. A maior parte desses perseguidores não tem má intenção nem consciência pecadora; agem por um sentimento de dever.

“Há duas razões fundamentais por que o homem justo é perseguido por outros homens individuais ou por sociedades humanas.

“1 — Um indivíduo persegue outro indivíduo, não só porque este seja mau, mas, também, pelo fato de ser bom.

“Por quê?

“Porque o homem justo aparece como elemento hostil a outro homem menos justo. A simples presença de um homem mais santo do que eu é, para mim, uma declaração de guerra, ou, pelo menos, uma permanente ofensa. O homem espiritual, pelo simples fato de existir, diz silenciosamente a outros: “Vós devíeis ser como eu, mas não sois, e isto é culpa vossa”. Nenhum homem espiritual, é claro, diz isto; mas os profanos interpretam deste modo a presença do homem justo, e atribuem a este a ingrata censura. Ora, ninguém tolera, por largo tempo, a consciência da sua inferioridade. Enquanto não aparece outro homem de elevada espiritualidade, pode o homem menos espiritual viver tranqüilo na sua inferiorida­de, porque esta não é nitidamente percebida senão quando polarizada pelo contrário ou por uma espiritualidade superior. Quando o homem pouco espiritual encontra outro ainda menos espiritual, sente-se ele relativamente seguro do seu plano, e tem mesmo a tendência instintiva de fechar os olhos para as virtudes do outro, a fim de poder brilhar mais intensamente, ele só, como aquele fariseu, no templo em face do publicano. E que o homem profano mede o seu valor pelo relativo desvalor dos outros. Quando então a sua luz é, ou parece ser, mais forte que as luzes dos outros, o homem profano ou de escassa espiritualidade experimenta um senso de segurança e tranqüilidade; não tem remorsos da sua pouca espiritualidade nem se julga obrigado a um esforço especial para subir. Entre cegos, diz o provérbio, quem tem um olho é rei.

“Mas ai desse homem complacentemente satisfeito consigo mesmo, se lhe aparecer alguém de maior espiritualidade! Logo começa ele a sentir-se inseguro e inquieto. Em face dessa inquietação, duas atitudes seriam possíveis: a) o vivo desejo de ser tão espiritual como o outro e o esforço correspondente a esse desejo; b) uma atitude de despeito e agressividade.

“A primeira atitude é a dos homens humildes e sinceros; a segunda é a dos homens orgulhosos e insinceros consigo mesmos. Os primeiros se tornam discípulos do homem espiritual, os últimos se tornam seus adversários.

“É doloroso para um pigmeu ver-se eclipsado por um gigante. É desagradável para um impuro ter a seu lado um homem puro. Se o pigmeu não sente em si a capacidade de crescer; se o impuro não dispõe da força de se tornar puro, declarará guerra ao gigante e ao puro.”

“2 — No terreno social das organizações eclesi­ásticas acresce ao primeiro, outro fator, aparentemente mais justificável: o homem altamente espiritualizado é sempre uma espécie de exceção da regra, é um pioneiro que abandonou as velhas estradas conhecidas e batidas pela turbamulta dos crentes e rasga caminhos novos, “por mares nunca dantes navegados”, por ignotas florestas, por ínvios desertos que poucos conhecem. Esse homem ultrapassa, quase sempre, os caminhos tradicionais do passado, e até do presente, e abre novas rotas para o futuro. Toda e qualquer inovação, por mais verdadeira, é, no principio, considerada como erro, e até como perigo social.

“De maneira que o fator “massa” e o fator “tradição” nos dão uma espécie de segurança e firmeza, no meio da insegurança e incerteza que, naturalmente, experimentamos por entre as trevas ou penumbras da vida espiritual. E isto nos faz bem.

“Por isso , as sociedades religiosas organizadas, que contam sempre com o fator massa e tradição, dão grito de alerta e de alarme, e previnem seus filhos contra o perigoso inovador, o herege, o demo­lidor, o apóstata. Quando as sociedades religiosas possuem suficiente poder físico, eliminam do número dos vivos o perigoso demolidor das tradições, e isto “pela maior glória de Deus e salvação das almas”. Quando não possuem esse poder, procuram neutra­lizar a ação do herege matando-o moralmente, isolando-o por meio de campanhas sistemáticas de difamação e calúnia. E como, segundo eles, o fim justifica os meios, e como o fim é (ou parece ser) bom, todos os meios são considerados lícitos e bons, mesmo os maiores atentados à verdade, à justiça, à caridade.

“Donde se segue que o homem espiritual vive em uma relativa solidão. A massa não simpatiza com ele se não lhe é positivamente antipático, mantém pelo menos uma atitude de apatia e desconfiança em face dele.

“Para o homem espiritual, porém, o fator “massa” é sobejamente compensado pelo fator “elite” ou mesmo pelo simples testemunho da sua consciência em plena solidão.

“Existe, aqui na terra, e por toda a parte, a “comunhão dos santos”, isto é, a misteriosa união de todos os que conhecem e amam a Deus, a fra­ternidade branca dos irmãos anônimos formada pelos solitários pioneiros do Infinito. E eles sabem quE é profundamente verdadeiro o que o grande Mestre disse: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estou eu no meio deles”. Dois ou três — porque nunca serão muitos no mesmo lugar e tempo, os homens cristificados. E mesmo que sejam mais, nunca deixará de imperar a misteriosa lei da polaridade ou da trindade; dentro de um grupo maior haverá sempre essa constelação interna de dois ou três. A grande experiência crística circulará sempre entre dois ou três, e só mediante essa pequena constelação é que ela se comunicará ao resto do céu estrelado e às galáxias do universo espiritual.”

Huberto Rohden

Para aqueles que queiram ler os textos integrais recomendamos o link: http://www.esnips.com/doc/6fda8dc4-a4e1-48a3-87ae-8085b9eb532a/Huberto%20Rohden%20%3E%20O%20Serm%E3o%20da%20Montanha%20-%20Huberto%20Rohden

Perséfone Hades

Buscando este mundo melhor.

domingo, 24 de maio de 2009

O Sermão da Montanha - Parte 7

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“Bem-Aventurados os Tristes”

“... pode haver uma tristeza-­atitude e uma alegria-atitude — como também pode haver uma tristeza-ato e uma alegria-ato. Pode alguém ser triste e estar alegre — como também pode ser alegre e estar triste, o que é decisivo é a atitude interna, permanente, negativa ou positiva. E essa atitude radica, em última análise, em um profundo substrato metafísico, a VERDADE, ou então o seu contrário. Quem tem a consciência reta e sincera de estar na Verdade é profundamente alegre, calmo, feliz, embora externamente lhe aconteçam coisas que o entristeçam — e quem , no íntimo da sua consciência, sabe que não está na Verdade é pro­fundamente triste, ainda que externamente se distraia com toda a espécie de alegrias.

“Quanto mais triste o homem é internamente, pela ausência de harmonia espiritual, tanto mais necessita ele de alegrias externas, geralmente ruidosas e violentas. Esse homem não tolera a solidão, que lhe traz consciência mais nítida da sua vacuidade ou desarmonia interior; por isso, evita quanto possível estar a sós consigo; procura companhia por toda a parte, e, quando não a pode ter em forma de pessoas, canaliza para dentro da sua insuportável solidão parte dos ruídos da rua, por meio do jornal, do rádio, da televisão. Alguns vão mais longe e recorrem a entorpecentes — maconha, cocaína, morfina, etc., para camuflarem, por algum tempo, a sensação da sua triste solidão.

“Quem teme a concentração necessita de toda a espécie de distrações para poder suportar a si mesmo. E, como essas distrações e prazeres, pouco a pouco, calejam a sensibilidade, necessita esse ho­mem de intensificar progressivamente os seus estimulantes artificiais para que ainda produzam efeito sobre seus nervos cada vez mais embotados. Por fim, nem já os mais violentos estimulantes lhe causam mossa e então esse homem chega, não raro, a tal grau de tristeza, no meio de suas “alegrias” que põe termo à sua tragédia por meio do suicídio. Outros acabam no manicômio. É que nenhum homem pode viver sem uma certa dose de alegria.

“Enquanto o homem não descobrir a bela tristeza da vida espiritual, tem de iludir a sua fome e sede de felicidade com essas horrorosas alegrias da vida material. Essas alegrias externas, porém, têm sobre ele o efeito da água do mar, que tanto maior sede dá quanto mais dela se bebe.”

*

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“O homem cuja felicidade nasceu da verdade é calmo e sereno em todas as vicissitudes da vida, porque sabe que não precisaria mudar de direção fundamental se a morte o surpreendesse nesse instante. Perguntaram ao jovem estudante João Berchmans, que estava jogando bola, o que faria se soubesse que, daí a cinco minutos, tivesse de morrer; respondeu calmamente: “Continuaria a jogar.” Assim só pode falar quem tem plena certeza de que está no caminho certo, em linha reta ao seu destino, embora distante da meta final.

“Ora, esse caminho não pode deixar de ser es­treito e árduo, uma espécie de tristeza, como é toda a disciplina; mas no fundo dessa tristeza externa dormita uma grande alegria interior. É, todavia, uma alegria anônima, silenciosa, imponderável, como costumam ser os grandes abismos e as grandes alturas. Aos olhos dos profanos, leva o homem espiritual uma vida tristonha e descolorida; o seu ambiente parece monótono e cor de cinza como um vasto deserto. E talvez não seja possível dar ao profano uma idéia da profunda alegria e felicidade que o homem espiritual goza, porque esta felicidade jaz numa outra dimensão totalmente igno­rada pelo profano. O homem habituado a certo grau de espiritualidade tem uma imensa vantagem sobre o homem não-espiritual; não necessita de estímulos violentos para sentir alegria, porque a sua alegria não vem de fora, e sim de dentro. Basta-lhe uma florzinha à beira da estrada; basta o sorriso de uma criança caminho à escola; basta o tanger de um sino ao longe; basta o cintilar de uma estrela através da escuridão — tudo enche de alegria, suave e pura, a alma desse homem, porque ela está afinada pelas vibrações delicadas que vêm das luminosas alturas de Deus. E as fontes da sua alegria brotam por toda a parte; nem é necessário que saia de casa para encontrar motivos de alegria, porque a sua alegria é de qualidade, que não está sujeita às categorias de tempo e espaço, como as alegrias ruidosas e grosseiras dos profanos. Um único grau de alegria-qualidade dá maior felicidade do que cem graus de alegria-quantidade.

“Por isso a vida do homem espiritual é uma bela tristeza, ao passo que a vida do homem profano é uma pavorosa alegria. Mas o homem espiritual prefere a sua bela tristeza à pavorosa alegria do profano, que ele compreende perfeitamente, porque também ele já passou por esse estágio infeliz — ao passo que o profano não compreende a felicidade anônima do iniciado, porque nunca passou por essa experiência.”

*

“Geralmente, os homens mais felizes são ignorados pela humanidade que escreve e lê livros e jornais, que fala do alto dos púlpitos e das tribunas, que perde tempo com rádio e televisão ou procura salvar o gênero humano pela política, Os milionários da felicidade são, quase sempre, os grandes anônimos da história, os “não-existentes”. Os poucos homens que aparecem em público são raras exceções da regra. O grande exército dos “bem-aventurados” não aparece em catálogos e cadastros estatísticos. São os irmãos anônimos da “fraternidade branca” que estão presentes em toda a parte onde haja serviços a prestar, mas ninguém lhes percebe a presença, porque sempre desaparecem por detrás das suas obras. Os muitos e os ruidosos que se servem das suas obras como de fogo de artifício e deslumbramento pirotécnico para iluminar a sua personalidade não fazem parte da “fraternidade branca”, porque não se eclipsaram no anonimato da benevolência universal.

“Os verdadeiros redentores da humanidade são tão felizes no cumprimento da sua missão que nunca esperam pelos aplausos de platéias, mas desaparecem por detrás dos bastidores do esquecimento, no mesmo tempo em que terminam a sua tarefa. São igualmente indiferentes a vivas como a vaias, a aplausos como a apupos, a louvores como a vitupérios, porque eles vivem no mundo da silenciosa e profunda verticalidade invisível, incompreendidos pelos habitantes da ruidosa horizontalidade visível.

“Bem-aventurados os que estão tristes — porque eles serão consolados.”

Huberto Rohden

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Perséfone Hades

Ainda em busca de respostas...

sábado, 16 de maio de 2009

Reflexões - Sentimentos

 Michael-neumann

"Fiquei a meditar muito tempo na muralha. É em ti que a verdadeira muralha existe."(Cidadela - Saint-Exupéry)

Cada pedra desta muralha é colocada com muito cuidado durante toda a nossa vida, e nós as cultivamos como se não fossem ervas daninhas... E, por vezes, tornamos a muralha intransponível para nós mesmos...

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São pedras carregadas de raiva, ódio, tristeza, mágoa, egoísmo, angústia, cólera, contrariedade, rejeição, remorso, irascibilidade, repulsa, medo, terror, vergonha, abatimento,  pouco-caso, ressentimento, menosprezo, aborrecimento, fúria, aversão, ira, acabrunhamento, melancolia, acanhamento, inveja, decepção, animosidade, antipatia, frustração, apreensão, asco,  cisma, contragosto, dor, irritação,   desapontamento, desassossego,  desencanto, horror, desgosto, desilusão, furor, implicância, melindre, insatisfação, nervosismo, insegurança, mortificação,  nojo, pavor, pieguice, sofrimento, tédio, temor.

Sempre me pergunto porque é tão difícil  limpar cuidadosamente cada uma destas pedras e transformá-las em amor, felicidade, esperança, amizade, estima, fraternidade, piedade, encanto, ternura, segurança, simpatia, entusiasmo, compaixão, harmonia, apreço, gratidão, amor-próprio, prazer, afeto, admiração; e quem sabe construir um belo templo interior.

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Que haja LUZ!!!

Perséfone Hades pulindo suas pedras...

 

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Reflexões - Saint Exupèry

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“Aceito provisòriamente as verdades contraditórias do soldado que procura ferir e do médico que tenta curar, embora ao meu nível não se possa distinguir delas o fecho da abóbada. Longe de mim conciliar numa beberagem morna bebidas geladas e bebidas a ferver. Não gosto que firam ou curem moderadamente. Castigo o médico que nega os seus cuidados, castigo o soldado que evita magoar. E pouco importa a mim que as palavras se desafiem! Acontece que só essa armadilha, cujos materiais são diversos, apanha na unidade a minha presa, isto é, determinado homem dotado de certas virtudes e não outro.

“Procuro às apalpadelas as tuas divinas linhas de força e, na falta de evidências que não são próprias da minha condição, digo que tenho razão na escolha dos ritos do cerimonial, se acontece que eles me libertam e me deixam respirar. Assim o meu escultor, Senhor, que dá certa dedada à esquerda, embora não saiba dizer por quê. Só assim parece carregar o seu barro de poder.

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“Caminho para ti, à maneira da árvore que se desenvolve segundo as linhas de força da sua semente. O cego, Senhor, não sabe nada do fogo. Mas há, no fogo, as linhas de força sensíveis nas papilas. E ele caminha através das silvas, porque toda a metamorfose é dolorosa. Senhor, eu vou até junto de ti, ao abrigo da tua graça, ao longo da encosta que faz uma pessoa realizar-se.

“Tu não desces até junto da tua criação e eu, para me instruir, só passo contar com o calor do fogo ou a tensão da semente. E o mesmo a lagarta, que não sabe nada das asas. Não é a marionete que me há de informar das aparições de arcanjos. Dir-me-ia ela alguma coisa que valesse a pena? É inútil falar de asas à lagarta, como é inútil falar de navio ao forjador de rebites. Basta que existam, pela paixão do arquiteto, as linhas de força do navio. Pelo sêmen, as linhas de força das asas. Pela semente, as linhas de força da árvore. E que tu, Senhor, simplesmente existas.

“Glacial, Senhor, é por vezes a minha solidão. No meio do deserto do abandono, cheguei a pedir um sinal. Mas tu me iluminaste um dia, por meio de um sonho. Fiquei a compreender que todo o sinal é vão, porque, se tu és da minha ordem, não me obrigas a crescer. E que haveria eu de fazer de mim, Senhor, tal como sou?

“É por isso que continuo a caminhar. Vou elaborando orações novas, que nunca obtêm resposta. Tão cego estou que só um fraco calor nas minhas papilas murchas me guia. Apesar disso louvo-te, Senhor, por não me responderes. Se eu encontrasse o que procuro é porque teria acabado de me realizar.

“Se tu gratuitamente desses o passo de arcanjo na direção do homem, o homem ver-se-ia terminado. Não serraria mais, não forjaria mais, não combateria mais, não curaria mais.

"Não mais varreria o quarto, nem acariciaria a amada. Dar-se-ia porventura ele ao trabalho de te honrar com a sua caridade através dos homens, se te contemplasse? Depois de construído o templo, passo a ver o templo e não as pedras.

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“Senhor, sinto-me tão velho e tão fraco como as árvores quando o inverno sopra. Farto dos meus inimigos e dos meus amigos. Pouco satisfeito, ao pensar que me vejo obrigado a matar e a curar ao mesmo tempo. É que me fazes sentir a necessidade de dominar todos os constrangimentos que tornam tão cruel a minha sorte. E, no entanto, constrangido a subir do menor número de problemas até à morte dos problemas, até ao teu silêncio.

“Digna-te, Senhor, para tua glória, estabelecer na unidade aquele que repousa a norte do meu império e foi meu inimigo amado, e o geômetra, o único verdadeiro, meu amigo, e eu próprio, que já passei, ai de mim!, a crista da montanha e deixo para trás, como que na vertente vencida, a minha geração. Digna-te adormecer-me nas profundidades dessas areias desertas onde trabalhei tanto”.

(Cidadela – capítulo CCXIII – Antoine de Saint-Exupéry)