sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Memórias II

 flutuando no mar azul

Que estranho!

Como vim parar aqui?

Tomo consciência do lugar onde estou.

Primeiro foi uma luz intensa, que me cegou e dormi.

Acordo num mar de líquido viscoso, quente, agradável, procurando nadar, mas parece que este oceano não tem fim.

Não tenho medo, respiro bem, apesar de este líquido impregnar meus pulmões.

Estou presa pela cintura a uma corda pulsante.

Este lugar está sempre em penumbra, não enxergo bem, mas aqui é gostoso, acho que nunca estive num local com tamanha paz. Já nado e encontro as paredes macias e cheias de reflexos sangüíneos, parece que estou dentro de um ovo...

Há sons abafados. Um pulso que parece manter-me viva: tum-tá, tum tá..., sinto-me segura. Por vezes este som fica acelerado e sinto medo...

Ontem senti tristeza, doía-me o peito imensamente, abriu-se e contraiu-se e então chorei...

Hoje minha alegria não cabe em mim, o riso me lembra algo, não sei bem, é bom...

Este lugar é engraçado, estou sozinha e sei que não estou, mas já chamei e não me ouvem; escuto uma canção doce. Sempre que me agito e bato nestas paredes vem esta canção que me acalma e me faz dormir...

Meus sonhos são viagens, já estive em tantos lugares... vi tantas coisas e pessoas...

Está ficando meio apertado aqui, já não consigo nadar com liberdade, as paredes têm ficado mais rígidas, são como uma bexiga prestes a estourar.

E se estoura? irei nadar num mar maior? e se o mar secar? como respirarei sem ele? será frio? será quente? Tenho medo, estou segura aqui há tanto tempo...

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...

Ah! que incômodo! Desde ontem as paredes se fecharam sobre mim. Estou sentada nesta armadilha.

O mundo a minha volta me comprime e eu empurro. É uma briga... o que está acontecendo?

Ouço gritos, uma agitação, estamos em guerra? O pulso que me acalmava está forte e acelerado e dói-me a cabeça.

Bato como posso nestas paredes, grito que parem, mas ninguém me escuta.

Quanto mais bato, mais sou empurrada. Sinto uma pressão enorme de cima para baixo, minha nádega comprimida no fundo deste ovo.

Em baixo há movimentação e a casca começa a quebrar, tenho medo...

Contraio-me toda para encontrar mais espaço, as paredes parecem prensas e mais me apertam.

A parte de baixo está aberta... gritos, muitos gritos... estou apavorada!

Minha nádega entrou no buraco desta casca, os ossos de minha pelve se acotovelam, parecem quebrados, dói...

Socorro! Tenho medo, grito desesperada. O som penetrou dentro de mim e pulsa meu corpo todo, meu abdome vai explodir! A cabeça parece uma bomba! A pelve apertada naquele canal, dor... As pernas quebradas se dobram e meus pés vêm de encontro ao meu rosto!?

Algo puxa minha pelve, pesca uma das pernas, pesca a outra, que dor!

O pulso vai arrebentar meu abdome. Luto, mas sou empurrada para baixo, em direção daquele túnel... o líquido já saiu todo e sufoco...

O que puxou minhas pernas puxa agora meus ombros e braços. Mais gritos serão talvez os meus gritos. Como isso dói!

Agora minha cabeça se comprime, já não consigo gritar, meus ossos do crânio estão comprimidos uns sobre os outros, meu cérebro dói...

De repente luz! Estou cega novamente, pendurada por algo viscoso pelos pés, um tranco em minha nádega, que dói... meu peito é um ferro em brasa... estou quebrada... cada osso do meu corpo dói...

Uma tristeza sem fim toma conta do meu peito que queima a cada movimento...

Choro... Estou cansada...

Tudo é dor...

Perséfone Hades(Bia Unruh)

Publicado em  http://www.poesias.omelhordaweb.com.br/pagina_autor.php?cdEscritor=1077

5 comentários:

  1. Lindo!
    Aquela foto então...

    O mundo adormece na cama do céu
    Enquanto permaneço acordado no teu roseiral…
    Vigilante no teu galante corpo, rosa sem véu
    Batem janelas inquietas, pétalas em temporal

    Neste momento,
    Desejo
    Um bom fim-de-semana
    Materializado em harmonia
    Com muita alegria…
    Um excelente CARNAVAL
    Com muito divertimento
    Desmascarando amor
    Com paz,
    Cheio de muita folia…

    O eterno abraço…

    -MANZAS-

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  2. Nunca vi nada parecido OO
    muito, muito bom.
    e por vezes cheguei a pensar que estivesse dentro de um coração ^^


    www.thiagogaru.blogspot.com

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  3. Amiga...continuan as lembranças
    mais esa vez você fiz uma regresäo
    intrauterina.
    Longe de mais,casi nu começo.
    Ahi foe onde tudo tinha sentido,depois saiu pra o exterior,
    encontrou-se ese mundo täo dificil.

    Si continua ainda lembrando, pode conhezer a sua vida anterior...
    vae me explicar....

    Un bejo forte

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  4. Que fofura! Um docinho...
    Tem um selinho para voce, la no Amor Insano!
    Beijossss

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Obrigada por sua visita, é muito estimulante que meus textos estejam sendo apreciados pelas pessoas, acho que esta é a realização de todo autor.
Beijos no coração de todos e LUZ sempre...
Perséfone