Aquele quintal era nosso mundo.
Havia no muro à esquerda e próximo da cerca da frente, um pé de tomate.
Era um arbusto de mais ou menos 1,5 m de altura, de folhas médias muito verdes e com pêlos na face dorsal e um odor forte e gostoso.
De quando em quando apresentava flores brancas muito delicadas que ao secarem davam origem a um pequeno fruto esverdeado, que ia crescendo até se tornar uma fruta pequena alongada, vermelho-alaranjada, de sabor doce delicioso.
Meu pai dizia que era tomate francês, comíamos como frutos e não em saladas ou molhos.
Um dia descobri lagartas sob as folhas banqueteando-se, comecei a observá-las.
Lá ia eu todos os dias, para reparar que as lagartas engordavam e cresciam, e as folhas do tomateiro diminuiam...
Depois de algum tempo as lagartas imensas, parecendo que iam estourar, se aquietavam e formavam, de um dia para o outro, uma espécie de casulo a sua volta, que amadurecia lentamente como os tomates, só que se tornavam prateadas.
Pareciam pequenas jóias presas às folhas e galhos daquele arbusto, pela manhã pingavam o orvalho e refletiam intensamente a luz do sol, ficando ainda mais belas.
Depois de um tempo que eu não sabia precisar, os casulos ficavam vazios como conchas secas e seu brilho prateado desaparecia, ficavam sem vida.
Aquilo me intrigava, até que pude ver um dos casulos abrir-se na parte inferior e algo começou a movimentar-se.
Eu sabia,era a lagarta que saía para respirar...
Demorou muito tempo e uma cabeça saiu e depois umas pernas longas(?) e o corpo que parecia amassado. Era outro bicho!!! Onde estava a lagarta?
Aquele bicho estranho ficou ali, parado sob a folha e a parte amassada de seu corpo começou a distender-se.
Espreguiçaram-se lindas asas amarelas salpicadas de manchas pretas, secando ao sol, e de repente a borboleta saiu voando pelo quintal.
Minha surpresa foi enorme. E como era gratificante passar dias seguidos a observar o processo todo...
Um belo dia o tomateiro morreu, mas eu tinha aprendido que a vida se sucede em transformações, não conseguia ficar indiferente às lagartas como as outras pessoas.
Eram animaizinhos maravilhosos e tinham o poder de transformar-se em borboletas!
Anos mais tarde, estudando e depois lecionando anatomia humana na universidade, eu tive a oportunidade de ter um sentimento parecido - quando todos tinham nojo dos cadáveres, e para mim eram como crisálidas vazias, de onde tinham voado lindas borboletas...
Perséfone Hades (Bia Unruh)
Ala !!Ala!!!
ResponderExcluirQue comeu você hoje?
Saiu tudo do seu corpo mesmo que as borboletas,cresceu e foé pra o bloger asim pode encher tudo o mundo cibernético con sua maravillosa narrativa,voar con a liberdade dos seus pensamentos.
Muito especial,amiga,gostei de mais..
Um bejo
É parece que minhas memórias estão querendo fluir...
ResponderExcluirbjs
Perséfone
Acho que lembrar troze as vezes uma paz interior,é como si tivese superado os aconteceres e eles voltasen pra se manifestar como victorias ganhadas.
ResponderExcluiruM ABRAÇO
PD- Esqueci te dizer que as fotos que coloco nu meu blog, algumas säo de Google,outra minhas o dos meus cuadros.
Sim e a cada vitória o caminho para a LUZ se delineia melhor...
ResponderExcluirObrigada por lembrar as fotos, acho-as lindas.
Bjs
Perséfone
Bom dia...
ResponderExcluirquero lhe oferecer um presente simbólico do meu blog História Viva
http://historianovest.blogspot.com/2009/02/selo-esperanca-brasil.html
obrigado